quinta-feira, 17 de julho de 2008

sobre gente que faz... e nego que não tem nada pra fazer

Uma das coisas que mais tem me impressionado neste esquema de reforma ( além de todos os espantos que vocês já estão acompanhando, no esquema da novela das seis: ainda vamos publicar o texto da minha querida mâe e madrinha de casamento, Thereza N, sobre a experiência dela a respeito de reformas ), são os diversos tipos humanos que nós estamos tendo contato, desde que este furacão de começou a passar em nossa vida. Muito legal mesmo. De repente saímos um pouco do nosso mundo e percebemos como ele é pequeno em relação ao tanto de diversidade de ofícios, e de pessoas que nós estamos encontrando neste meio-tempo.
O pedreiro W, por exemplo, era soldado, e dos bons; parece que em menos de um ano de exército já era cabo, estava indo fazer curso para sargento. Se apaixonou - que aliás muitos da idade dele o fazem -, largou o exército e começou a lidar com obras. aprendeu a dirigir sozinho para ter que aprender tudo de novo na auto- escola. Diz que bebia com os amigos e era evangélico: Hoje em dia não faz nem uma coisa nem outra. Segundo ele, a bebida lhe fazia mal; me abstive de perguntar se o mesmo acontecia com a sua religião.
O serralheiro que a Dani me levou lá no apê, bem, falava errado como poucos e tinha uma Ecosport nova. Só construindo grades e portas de ferro.
O cara dos granitos é uma figura: Parece que era um daqueles caras de grupo de música, do tipo Polegar ou Tremendo ou algo que o valha, que por fim acabou por trabalhar com granitos e mármores. E, definitivamente, parece não ter saudades dos velhos tempos de Chacrinha.
A atendente da loja do malfadado martelete, é um pouco fanha e descobriu a sua vocação para psicopedagogia, me contou. O pior que ela tem um perfil pra este lado - me perdoe minha querida amiga pedagoga Patrícia T!
Um dia destes fomos a uma loja de madeiras ( vide o episódio das portas ! ) Quem nos atendeu foi um sulista grande, que no meio do trampo de escolher portais e alisares, começou a fazer um grande discurso político sobre os interesses em se preservar madeira nativa: na verdade, segundo o sulista, tudo faz parte de um grande plano dos europeus para vender a sua madeira ruim de reflorestamento.
Todo mundo trabalhando pra caramba, e ganhando seu dinheiro honestamente. E, em muitos casos, não estão ganhando pouco não; nosso marceneiro troca de carro todo ano, ou melhor, troca de caminhonete. A diferença dele para um bem nascido qualquer reside no fato de que, um marceneiro, realmente usa o compartimento de carga de uma caminhonete...para ele, um carro utilitário é, de fato, utilitário.
Mas é claro, que neste universo de 'gente que faz', tem espaço pro povo que não tem o que fazer:- Uma vizinha advogada que aventou a possibilidade de entrar na justiça ( contra quem, meu Deus?) por conta do barulho insuportável de nossa reforma;
- Ou senão de outra vizinha - que simpáticamente entrou em nosso apê para 'ver como estava a reforma' para depois ir reclamar com a síndica sobre possibilildade do prédio cair;
- Ou talvez os moradores do prédio dos fundos que reclamaram do container do lixo da obra que ocupou uma das suas preciosas vagas;

Mas eu ainda tenho fé na humanidade ( graças aos bons exemplos que eu estou tendo o prazer que me relacionar ) : não tenho fé é na classe média - supostamente - a única pagadora de impostos que acha que a lei do silêncio não vale para eles...

2 comentários:

Gi disse...

estava passeando com Clarice pela quadra e fomos até o prédio de vocês... vi o escorregador de entulho e o conteiner... hahaha... sai de férias e deixa o carro lá parado um mês.. alguma diferença?
xis... pessoas são estranhas.. olha que não sou nenhuma sociopata.. rsrsrs!

Luciana disse...

Todos os dias passo na frente do AP de vcs, indo almoçar na casa do papai e sempre tento dar uma espiada mas não consigo ver nadica.
Quanto ao barulho é normal,todos berram mas no final das contas as pessoas tem que fazer as obras horas bolas. Na minha reforma não rolou tanto barulho mas teve muito e dava pra escutar um pouco de longe mas nada comparado a este.